Na antiga religião, antes da
Igreja destruir este culto e transformá-lo no que se conhece como
"bruxaria", os camponeses iam para os bosques de carvalhos à noite e
acendiam enormes fogueiras para a Deusa o que tornou esta festividade conhecida
como As Fogueiras de Beltane.
Nesta época, os princípios
morais vigentes eram outros, a mulher era um ser livre e não havia o machismo
como hoje se conhece. As sociedades eram matriarcais. Sendo assim, nesta noite
de Beltane, as moças virgens e mesmo as casadas, iam para os bosques na
celebração do que se chamava "O Gamo Rei" onde os rapazes copulavam
com as moças sob a lua cheia guiados pelo instinto num ritual de fecundidade e
vida.
As crianças que por ventura
fossem geradas nesta noite eram consideradas especiais e normalmente as meninas
viravam sacerdotisas e os meninos magos. O ritual era consagrado à Deusa para
que esta trouxesse sempre boas colheitas através da fertilidade da terra.
Embora o culto fosse predominantemente feminino, não se excluía, de forma
alguma, o papel do Deus, pois, a essência de Beltane, sendo a fecundação,
impunha sempre, a presença do feminino e masculino.
Sendo assim, no Beltane, os
meninos tinham a sua cerimônia de passagem da adolescência para a maturidade. O
rapaz personifica o Deus e a virgem, a Deusa. Na escolha de um rei, o rapaz
veste a pele de um Gamo (um veado real) e desafia um gamo de verdade, o líder
da manada, e luta com ele até a morte de um deles.
Se o rapaz for o vencedor,
terá sido escolhido Rei representando o Deus, o Gamo Rei e terá uma noite com a
Virgem que representa a Deusa onde um herdeiro será concebido. O novo herdeiro,
um dia deverá disputar com o pai pelo trono. O Gamo Novo e o Gamo Velho...
O Rei Arthur passou por esta
prova numa noite nas fogueiras de Beltane conforme o romance Brumas de Avalon.
Quando não era preciso
escolher-se um rei, a luta com o gamo não era necessária e a tradição seguia
apenas como uma representação ritual.
A tradição do Gamo Rei foi
transformada, através dos tempos, e a imagem do gamo, em alguns cultos,
substituída pela de qualquer animal que tivesse galhos ou chifres, sempre
representando a divindade masculina do Deus que recebe os nomes de Galhudo,
Cornélio, Cornudo e até mesmo Chifrudo sem ter qualquer conotação com o que a
Igreja estabeleceu como "demônio do mal". Os galhos na antiguidade
eram sinônimo de força e honra e não o que hoje significam.
Então, no 31 de outubro ou
01 de novembro, estaremos na Lua cheia, ao ar livre, recebendo o luar e longe
de qualquer coisa feita pela mão do homem. Deveríamos fazer um círculo com
pedras, ficar dentro dele e acender uma pequena fogueira. Este ritual de
fertilidade vai promover mudanças na vida de todo aquele que entender o
significado do Beltane. Na verdade é um louvor a Terra, à Natureza e à Mãe de
todas as coisas. É uma data muito bonita e de grande significado.
Em Beltane nós nos abrimos
para o Deus e a Deusa da Juventude. Não importa quanto velhos sejamos, em
Beltane, sentimo-nos jovens novamente e nos unimos ao fogo da vitalidade e
juventude e permitimos que esta vitalidade nos vivifique e cure.
Quando jovens talvez
usássemos este tempo como uma oportunidade para conectar nossa sensualidade de
um modo criativo e quando mais velhos esta conexão será obtida através da união
dentro de nós mesmos, das nossas naturezas feminina e masculina. A integração
entre nossos dois aspectos interiores, feminino e masculino, é o caminho da
espiritualidade e Beltane representa o tempo onde podemos nos abrir amplamente
para este trabalho permitindo que a natural união das polaridades ocorra
naturalmente. Este é um trabalho essencialmente alquímico.
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