Não queremos reviver a bruxaria, uma vez que ela nunca
morreu pra nós, mas sim continuou seu legado através de nossa linhagem
sanguínea e espiritual.
Não temos porque erguer a bandeira do paganismo, uma vez que
vivemos na era cristã e não defendemos uma era, mas sim fazemos um egresso,
seja na era que for.
A bruxaria não é pagã ou cristã, ela simplesmente é!
Ela não se veste de bandeiras nem religiões, quem a veste
dessa forma são as pessoas que querem ser bruxas sem o ser de fato.
Reavivar um caminho espiritual mágico fundamentando-o numa
defesa onde os argumentos são mais parecidos como se fossem um povo que nunca
morreu, é balela, pois a bruxaria passou por modificações, transformações em
sua longa vida, e todo mundo morre um dia, deixando descendentes que
transmitiram a semente às novas gerações, assim como tudo na natureza é
mutável, assim como são em todos os anos, as estações, e as estações reencarnam
como nós também reencarnamos e nos dirigimos aos nossos iguais. As estações não
são pagãs nem cristãs, nem mulçumanas, nem judaicas, elas são fluxos da
natureza, assim como nós, e estamos todos interligados, e tradicionalmente não
precisamos ditar regras de controle, apenas podemos deixar a Arte Bruxa fluir
como nossos antepassados fizeram. Controle é o seguinte: "tudo que prende,
não pode libertar". Quem vive na barra da saia de uma instituição é porque
não cresceu o suficiente para andar sozinho e fazer suas escolhas próprias.
A Arte Bruxa vive em nós e em tudo, não precisamos
gesticular igual, vestir roupa igual e pensar igualmente, cada ser humano é um
ser ímpar, com pensamentos próprios, gestos próprios e gostos próprios, e isso
deve ser preservado em sua individualidade. Nós não somos um povo que viveu
numa única ilha do mundo, nós estamos em todos os lugares, e em nós, flui a
tradição. Se você tem poder em sua voz bruxa, certamente conseguirá conjurar um
espírito, um santo, um deus, uma deusa, um diabo, um encanto, etc, mas se não
tiver, ficará anos e anos chamando e nunca terá uma resposta.
É comum para a verdadeira bruxa, utilizar elementos de todas
as religiões, espiritualidades, folclores do mundo inteiro que se alinham
consigo, e filosofias que bem entender, pois a bruxa lida com tudo que bem
entender, ela não é um movimento pagão, nem mesmo é pagã de fato, pois quem já
foi verdadeiramente uma bruxa pagã já está morta há muito tempo e se encontra
no rol de nossos ancestrais, e de certo que ela teve um filho ou filha como
herdeiros, e até mesmo seus agregados que transcenderam a carne.
O legado deixado por ela, é a semente que se encontra hoje
em nós, que vivemos na era cristã numa boa e sem conflito com isso, afinal,
somos hereges e abarcamos o todo, não nos limitamos à uma única religião,
culto, filosofia, entidade, deidade, demônio, instituição, cultura, povo, etc,
enfim, não nos limitamos, somos indomados.
A visão de mundo dos antigos ocultistas (aqui entre nós,
eles foram os fodões de sua época enquanto bruxos e magos), que ensinavam
aquilo que é perene, é TRADICIONAL para nós, por isso, UNO. Por isso somos
bruxos tradicionais.
Podemos chegar para um Asatrú, um Wiccano, um Neo-Druída, um
Thelemita, e dizer: sou bruxo tradicional, ou seja, sou bruxo a moda antiga, a
filosofia que mais me agrada é a perene, sou herege, não fui feito de religião
pois nunca precisei me religar a fonte da qual eu nunca estive desconectado,
não fui feito pelas mãos de Gardner, nem por Tribann, nem por Crowley ou La
Vey, o que carrego comigo, vem de família, e se cheguei de algum modo passar
por essas artes modernas, eu já era bruxo quando cheguei nelas pra conhecê-las.
Então:
Se você recebeu uma cultura de um país, então você recebeu
somente uma cultura de um país, isso não faz de você uma bruxa.
Se você nasceu bruxa e reencontrou sua família, bom pra
você, é o que queremos pra nossa gente, mas ninguém lhe obriga a se filiar em
alguma instituição filantrópica de magia, da qual o pseudo-imperador vive de
marketing no orkut, no youtube, no facebook, etc, sempre de alguma forma se
auto promovendo e ditando a moda dele usando o nome da bruxaria tradicional, só
para lhe dar o diploma de bruxa, afinal, ou você nasceu bruxa ou não nasceu, e
se nasceu, é bem comum e esperado que você se junte com seus iguais, isso marca
seu carater ou a falta dele.
Nossa marca é visível aos olhos de nossos iguais. Quem não
enxerga ela, não pode provar que ela não existe, e podemos facilmente
desmascarar alguém que se passe por um de nós, principalmente por aquilo que
ele escreve e pensa.
Nascer bruxa é reconhecer-se bruxa desde cedo e deixar seu
dom fluir como as águas, independente do berço, da bandeira religiosa, e do
sexo.
Uma vez aberta as comportas de uma represa, não tem como
voltar a água para traz!
Assim é o dom da bruxa.
Cada um de nós carregamos a tradição perene (eterna, que não
morre), a filosofia perene (eterna, que não morre), e cada tradição bruxa
existente, é perene (eterna, que não morre), por isso não precisa ser
reinventada, mas sim, egressamos nela quando reencarnamos e nos juntamos com
nossa família bruxa, não precisamos e não queremos aprender a ser bruxos da
forma que foram nossos antepassados, nós somos bruxos atuais, que vivemos nessa
época da vida, e somos assim, carregamos a tradição e sabemos o que sabemos, os
costumes são mantidos, cada um com seu perfil, e cada geração bruxa que nasce,
vem mais forte, portanto, somos mais fortes que nossos antepassados, somos eles
reencarnados, nós evoluímos com progresso, e não temos conflitos em sermos
bruxos numa era cristã, vide o tradicional sincretismo de imagens cuja
sobrevivência superou e transgrediu séculos de 'ditadura' religiosa, e hoje
você não encontra um bruxo se quer, que não tenha virado santo antonio de
cabeça pra baixo, dentro d'água na pia da cozinha, ameaçando-o deixá-lo ali até
que ele faça o que se pediu. Da mesma forma, as Stregas sempre colocaram Diana
no forno ameaçando assá-la se ela não realizar um pedido.
Não somos controlados, a não ser por nós mesmos, com ou sem
nossa transformação interna.
Diga NÃO as filiações institucionais e controladoras, e DIGA
SIM à sua liberdade Bruxa!
Caso contrário, daqui um tempo, nós os bruxos livres, vamos
ter de pedir 'bênçãos' para essa tal instituição legalizada para que possamos
nos manifestar no mundo como somos, ou seja, como bruxos que somos. E isso não
é certo.
Nós não temos controle e não podemos ser controlados, e é
por isso que somos temidos por gente com complexo da baratinha de Lispector, e
isso não nos intimida, nem nos faz melhor nem pior. Somos o que somos, e
existimos desde sempre.
Chega de preconceitos e de gente querendo controlar a gente
através de instituições!
Bruxos livres, defendam seu direito de livre manifesto no
mundo, e enfeiticem o controle alheio com paz generosa, para que eles também
aprendam conosco, como é ser livre de fato.
Sett Ben Qayin
Com Certeza !
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