Existe
Muitos pesquisadores procuraram chegar à uma conclusão sobre as origens do Cristianismo e sobre a existência real do próprio Cristo, através de provas históricas e materiais fidedignos para comprovar a veracidade de sua religião e isso jamais foi conseguido.
Muitos autores renomados como Fílon de Alexandria, Plínio, Marcial, Sêneca e muitos outros que viveram no século I e estavam fortemente engajados nas questões religiosas de sua época, jamais citaram Jesus. Ele não é citado no Sinédrio de Jerusalém, nos anais do Imperador Tibério ou de Pilatos. Muitos documentos de pessoas que teriam vivido na mesma época que Jesus são guardados em museus e bibliotecas, mas nenhum deles menciona sua existência e seus prováveis discípulos não escreveram sequer uma linha sobre Jesus.
Através de testes modernos como o comparativo de Hegel, o uso de isótopos radiotivos e radiocarbônicos, todos os escritos apresentados que buscavam comprovar a existência de Jesus pela Igreja revelaram-se falsificados.
Filon de Alexandria, um dos mais célebres judeus de sua época, relata muitos fatos de sua época sobre a sua própria religião e de muitas outras e não citou Jesus em nenhum de seus relatos. Ele próprio escreveu sobre Pilatos, mas não disse nada sobre o Julgamento de Jesus que Pilatos teria oficiado. Apóstolos, Maria, José, nenhum deles é mencionado por Filon.
Justo de Tiberíades escreveu sobre a história dos Judeus, de Moisés ao ano 50, mas não escreveu uma linha sobre Jesus.
Flávio Josego, que nasceu no ano 37, escreveu ativamente até o ano 93 sobre inúmeras manifestações religiosas e messias da época, mas nada menciona sobre Jesus Cristo
Nos documentos existentes de gregos, hindus e romanos dos séculos I e II, constata-se que eles jamais ouviram falar de algum Jesus. Ninguém, entre escritores e historiadores, que teriam vivido na mesma pretensa época que Jesus, falou algo sobre ele ou sobre qualquer aparição pública ou tumulto religioso encabeçado por alguém chamado Jesus.
Os documentos que descrevem a atuação de Pôncio Pilatos nada falam sobre alguém de nome Jesus Cristo, ou sobre um Messias da época que teria sido preso ou crucificado por ter realizado feitos sobrenaturais. A existência de Pilatos é real e histórica e se ele, que supostamente teria estado no centro dos acontecimentos, já que era o governador da Judéia, não soube ou relatou um fato tão importante quanto a existência e julgamento de Jesus, é por que ele realmente não existiu.
Na Escola de Tubíngen, na Alemanha, Filósofos e Teólogos comprovaram que a Bíblia não possui nenhum valor histórico e que os Evangelhos seriam arranjos e ficções sustentadas pela Igreja, assim como o próprio Jesus.
Um padre chamado Aífred Loisy, decidindo pesquisar sobre o Cristianismo depois de inúmeras críticas e descréditos que essa religião vinha sofrendo na França, chegou a conclusão que as críticas estavam baseadas em fatos fundamentados e incontestáveis. Publicando logo em seguida sua pesquisa, foi excomungado em 1908.
Muitos historiadores afirmam que Jesus teria sido um ser idealizado, com a função de dar continuidade através de um novo prisma ao Judaísmo que se dividia e morria. Criando Jesus Cristo, o Judaísmo dava surgimento à uma nova religião.
Quando os Judeus chegaram em Roma e Alexandria e se deparam com uma religião passada de geração em geração através da tradição oral e várias crendices populares e superstições locais, decidiram introduzir ali a nova religião que traziam. Em pouco tempo o Cristianismo, com sua filosofia simplista e sedutora, conseguiu conquistar as pessoas mais comuns, servos, serviçais, escravos e posteriormente os senhores, os reis, rainhas e imperadores.
Crestus, que era o título dos messias dos essênios, foi o nome pelo qual os judeus optaram por chamar o "salvador" de seu povo e foi assim que surgiu o nome Cristo. Baseado também nas crenças e modo de vida dos essênios, onde bens materiais eram divididos e os problemas pessoais pertenciam à toda a comunidade, a nova religião que chegava conquistou os escravos e as pessoas mais humildes. Além disso, Crestus era um nome extremamente comum na Judéia e Galiléia e por isso muitas referências encontradas nos textos e documentos da época não se aplicam ao Cristo do Cristianismo. Assim, Jesus foi inventado para atender à tendência religiosa e mística de uma época
Quando o Cristianismo começou a elaborar sua doutrina teve grandes dificuldades em conciliar fé e razão por isso fez várias adaptações com lendas Pagãs e Deuses solares. O Cristianismo passou a ser assim um sincretismo das incontáveis seitas judaicas misturado às crenças de Deuses Solares, dando apenas novos nomes e roupagens a Deuses que morriam e ressuscitavam nos mitos e que predominavam à séculos com rituais solares, fundamentados em um Deus que se sacrificava. O Jesus dos Evangelhos não é um ser real, que existiu, mas sim um personagem criado em cima da visão religiosa sobre Brahma, Buda, Krishna, Mitra, Hórus, Júpiter, Serapis, Apolo e muitos outros Deuses......
Se pegarmos o mito de Hórus, que surgiu milênios antes do suposto nascimento de Cristo, vemos que:
- Hórus foi o Deus solar e o redentor dos egípcios
- Hórus nasceu de uma virgem
- O nascimento de Hórus era festejado em 25 de dezembro
- Hórus também era considerado a luz e o bom pastor
- Hórus realizava feitos milagrosos
- Hórus teria 12 discípulos (uma alusão aos 12 signos de zodíaco governados pelo sol)
- Hórus ressuscitou um homem de nome Elazarus (Cristou ressuscitou Lázaro)
- Um dos títulos de Hórus é "Krst"(seria Cristo?)
Se analisarmos mais apuradamente perceberemos que o mito da virgem grávida, que foge de Herodes em direção ao Egito, para salvar o filho (Jesus) que carrega em seu ventre não é nada mais nada menos que uma reinterpretação da lenda de Ísis e Hórus fugindo da perseguição de Seth.
Se analisarmos outros mitos como os de Mitra, Adônis, Krishna, Átis, dentre outros, vamos encontrar as fontes sob as quais o Cristianismo foi inventado.
Em 3.500 AEC temos Krishna que também nasceu de uma Virgem, chamada Devanaguy, que foi avisada com antecedência sobre a concepção de seu filho-deus e quem daria o nome de Krishna (Cristo?). Uma profecia dizia que Krishna destronaria seu tio, o Rajá. Por causa disso a mãe de Krishna foi presa numa torre para não ser concebida por ninguém. Dizem as lendas que o espírito de Vishnu atravessou o muro e se uniu à ela, se mostrando como uma luz que foi absorvida por Devanaguy. Quando Krishna nasceu, um vendaval demoliu a torre onde Devanaguy estava aprisionada e ela fugiu com Krishna para Nanda. O Rajá mandou matar todas as crianças que tinham acabado de nascer, mas Krishna consegue escapar. Pastores foram avisados da chegada de Krishna através de um aviso nos céus e lhe levaram presentes. Com 16 anos, Krishna começa a viajar pela Índia para pregar sua doutrina, abandonando sua família e passando a ser chamado de Redentor pelo seu povo. Krishna faz muitos discípulos e recebe o nome de Jazeu (Jesus?) que significa "Aquele que nasceu através da fé".
O nascimento de Buda também teria sido avisado à sua mãe. Quando nasceu uma luz intensa iluminou o mundo fazendo mudos falarem, cegos verem e uma brilhante estrela no céu anunciou seu nascimento. Buda fez os mais sábios de seu tempo se admirarem com o seu vasto conhecimento e muito cedo começou a pregar e converter pessoas. O seu discurso mais famoso também leva o nome de O Sermão da Montanha e depois que morreu apareceu aos seus seguidores.
Mitra também teve uma mãe virgem. Nasceu numa gruta em 25 de dezembro. Uma estrela surgiu no leste quando ele nasceu, indicando o caminho para magos que trouxeram incenso, mirra e ouro. Ele era considerado o intermediário entre Ormuzd e os homens. Após sua morte teria também ressuscitado.
Baco teria realizado muitos feitos como transformar água em vinho e multiplicar peixes.
Podemos perceber que o Cristianismo foi inventado em cima de lendas não apenas de Judeus, mas também de mitos e religiões pré-judaicas.
Os rituais cristãos também são adaptações de ritos pagãos muito mais antigos.
O Mitraísmo era praticado em grutas e locais subterrâneos e o Cristianismo primitivo também. Nos ritos mitraícos haviam ritos com pão e vinho.
A cruz solar, as refeições comunais, a destinação (dia do sol) para descansar também faziam parte de ritos do Mitraísmo que foram sincretizados pelos Cristãos. As vestimentas dos sacerdotes católicos são copias das roupas ritualísticas dos sacerdotes de Mitra, que já existiam muito tempo antes do Cristianismo e até mesmo do suposto nascimento de Cristo.
Ritos envolvendo pão e vinho também eram utilizados pelos hindus, representando o corpo e o sangue de Agni. Como os padres católicos os monges budistas também lavam as mãos antes da libação.
A crença na vida depois da morte, na ressurreição, no Inferno e num princípio do bem e mal absolutos eram crenças igualmente inerentes ao Mitraísmo e Judaísmo.
Do Egito adotaram a autoflagelação, herdadas dos Sacerdotes de Ísis que se açoitavam para expiar suas culpas e erros humanos. No Egito também, existiam "mosteiros" para os sacerdotes que desejavam fazer voto de castidade. Dos gregos se apropriaram da água lustral. Dos Indostânicos adotaram o celibato, o jejum e a esmolação. Os etruscos copiaram o ato de juntar as mãos ao rezar....
Tudo isso já existia milênios antes do suposto nascimento e existência de Cristo. Textos de pagãos, essênios e gnósticos foram as bases utilizadas no Concílio de Nicéia para compor o Novo Testamento.
Deduzimos então que o Cristianismo não tem nada de original e nem que o Cristo histórico realmente existiu. Fica claro que os rituais, as raízes e bases do Cristianismo provêm de uma enorme variedade de diferentes religiões e mitos sobre as diferentes divindades solares existentes e muito cultuadas na época em que os judeus decidiram dar sequência à uma religiosidade que morria e desaparecia.
O que tudo isso nos ensina?
Isso tudo nos mostra que conceitos cristãos, como são entendidos hoje e sustentados durante séculos por uma religiosidade dominante que mantém seus seguidores na completa ignorância de sua verdadeira origem, nada têm a fornecer ou acrescentar a prática Wiccaniana.
Se ao contrário disso caminharmos na contra mão, buscando fazer não uma Wicca Cristã, mas sim uma Wicca que busca pelas origens dos cultos solares, que são anteriores e deram origem ao próprio Cristianismo, teremos muito mais à aprender e à acrescentar em nossa prática religiosa.
Wicca Cristã é um conceito incompatível e incoerente devido a todo o dogmatismo não só do Catolicismo, mas do Cristianismo de uma forma geral. Wiccanianos buscam celebrar uma religião que visa se libertar de vários grilhões, principalmente dos grilhões da ignorância que dominaram nossa sociedade durante praticamente dois mil anos através do monoteísmo e dos valores judaico-cristãos. Para que retroagir ou persistir no mesmo erro quando podemos mudar?
Uma leitura atenta de uma estrofe da carta redigida pelo Papa Gregório ao Abade Mellitus em 601 EC, que pode ser lida na íntegra no Capítulo 30 do livro História Ecclesiastica, demonstra como o Paganismo foi cruelmente perseguido pelos primeiros Cristãos:
"Quando, com a ajuda de Deus, chegar na presença de nosso ilustre reverendo irmão Bispo Augustino, eu quero que você diga a ele o quanto tenho ponderado sobre a questão dos ingleses: Eu cheguei a conclusão de que os templos dos ídolos na Inglaterra não devem de forma alguma ser destruídos. Augustino deve esmagar os ídolos, mas os templos devem ser borrifados com a água benta e altares devem ser instalados nesses lugares, relíquias devem ser confiscadas. Pois devemos aproveitar os templos bem construídos e purificando-os da adoração dedicá-los ao serviço do Deus verdadeiro. Deste modo, eu espero que as pessoas, vendo que seus templos não foram destruídos deixem sua idolatria e continuem a freqüentar os lugares como antigamente e adorarão naquele mesmo lugar, com o qual estão acostumados, e mais facilmente irão se familiarizar com a verdadeira fé".
Estas foram as instruções das autoridades Católicas para facilitar a conversão dos ingleses, uma estratégia alienadora que privou os Pagãos do Passado de cultuarem seus antigos Deuses. O que fazem todos os que desejam uma fusão entre Wicca e Cristianismo é perpetuar este genocídio cultural e religioso Cristão, que simplesmente esmagou o Paganismo para se impor como a religião oficial e a única verdadeira até os dias atuais.
Concordo plenamente que todas as religiões possuem algo de valor para compartilhar com as pessoas. Isto, no entanto, não significa que as religiões devam ser misturadas num grande “balaio” para que se pareça que tudo é a mesma coisa.
A Wicca é um caminho Pagão. Isso significa, de um modo geral, que ela possui conceitos que são completamente antagônicos ao Cristianismo ou a qualquer outra religião monoteísta e conversista. Paganismo é um sistema religioso panteísta, animista, totêmico, de bases xamanísticas e na maioria das vezes politeísta. Qualquer religião centrada na Terra e que não compreenda o Sagrado de forma transcendental é Pagão. O Paganismo de uma forma geral é sexual, ctônico, telúrico, politeísta, panteísta e algumas vezes, inclusive, henoteísta ou panenteísta. Toda forma de Paganismo se baseia na Terra e no culto aos Antigos Deuses. Isto coloca qualquer vertente Pagã em uma posição completamente oposta ao Cristianismo e outras religiões totalmente transcendentes, baseadas em pecados e que desejam a salvação da alma do homem.
Inserir elementos Cristãos no Paganismo é algo incoerente e só prestará um desserviço aos ideais de amor, reverência e respeito à Terra que todos nós nutrimos. Basta dar uma breve passada de olho no primeiro livro sagrado dos Cristãos (Gênesis), cujas citações do Capítulo 1 (versículos 26 e 28) são transcritas abaixo, para chegar a esta conclusão:
"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e DOMINE sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e SOBRE TODA A TERRA, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra"
"E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a Terra, e SUJEITAI-A; e DOMINAIS sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre TODO animal que se move sobre a Terra"
Se pararmos para pensar que a origem de muitas formas de preconceitos e guerras tem sua origem na interpretação literal de versículos como estes em livros "sagrados", teremos um motivo maior ainda para não desejarmos esta fusão entre Wicca e Cristianismo. A única coisa que o Cristianismo pode acrescentar à Wicca e ao Paganismo é a perpetuação de seus "valores" distorcidos que só contribuíram para a exploração da Terra e intolerância, sem direito ao diálogo com a diversidade e outras religiões.
Misturar Wicca e Cristianismo é um genocídio. As consequências desse genocídio interessa a todos nós porque sofremos seus efeitos direta ou indiretamente diariamente. Matar alguém deliberadamente por motivos raciais é um genocídio étnico, inserir elementos cristãos na Wicca é um genocídio religioso. O primeiro priva um ser humano de sua vida e singularidade cultural, o segundo elimina as bases originais e únicas de uma religião.
Não há radicalismo algum em querer manter as crenças e práticas Wiccanianas num parâmetro coerente. Cristianismo e Wicca são religiões completamente incompatíveis, porque a primeira considera-se uma religião patriarcal, monoteísta, conversista e dominante enquanto a Wicca é matrifocal, politeísta, panteísta, antiproselitista e minoritária e que não deseja se tornar dominante.
Usando um exemplo simples que pode servir de ilustração comparativa, não acho radical dizer que devemos lutar contra interesses políticos e industriais para manter intocadas as reservas florestais ou o resto de natureza selvagem que ainda resta. As reservas são frágeis e exatamente por isso precisam ser protegidas com toda força e rigor, caso contrário podem ser facilmente devastadas do dia para a noite pelos interesses da classe dominante e exploradora.
Da mesma forma, não acho radical dizer que devemos lutar contra a incorporação de elementos Cristãos na Wicca, uma vez que o Cristianismo é a religião dominante. Paralelamente falando, trazer o Cristianismo para a Wicca é tão devastador e agressivo quanto levar uma escavadeira para a natureza intocada onde crescem árvores que lutaram 100 anos ou mais para se manterem firmes e enraizadas na terra, presenteando todos com sua beleza. Uma árvore que demorou tanto tempo para crescer e se fortificar pode ser detonada por uma escavadeira em questão de segundos, uma floresta inteira em questão de meses.
A única coisa com a qual o Cristianismo pode contribuir para Wicca é com a total canibalização da Arte através do sincretismo religioso, de forma que ela perca sua total identidade, sua força e com o tempo desapareça.
O Cristianismo, particularmente o Catolicismo, pode até ter incorporado diversos elementos do Paganismo em sua estrutura. Mas na atual situação querer fazer uma aproximação espiritual entre Wicca e Cristianismo é completamente impossível. Os interesses e propósitos das religiões monoteístas são completamente diferentes dos nossos. O sincretismo religioso Cristão é desnecessário, completamente inconsistente e empobrecedor. Nem a Wicca nem o Cristianismo precisam disso.
Uma coisa é você celebrar divindades Pagãs, se valendo dos seus arquétipos, e invocá-las num ritual puramente Pagão. Outra é chamar duas energias completamente incompatíveis (Deuses Pagãos e os seres espirituais da Mitologia Cristã) e chamá-las para tomar chá das 5h juntas.
Se alguém gosta de praticar magia "a la" Catolicismo, permaneça fiel a esta religião fazendo suas novenas, rezando os seus terços e cumprindo suas promessas. Isso também é magia. No entanto, esse tipo de magia não se enquadra a Wicca, nem o tipo de magia que utilizamos se enquadra ao Cristianismo. Todas as religiões possuem pontos em comum, o que não significa de forma alguma que sejam a mesma coisa.
Os Anjos existem para os Cristãos. Buda existe para os Budistas. Allah existe para os Muçulmanos. Os Antigos Deuses existem para os Wiccanianos.
Uma coisa exclui a outra? De forma alguma, só não fazem parte da mesma religião. Isso significa que ao passo que uma coisa não exclui a outra, eu como Wiccaniano, posso acreditar em todas elas e inseri-las na minha prática?
Não, eu não posso fazer essa mistura!
Estamos falando aqui de frequências espirituais distintas, que não são acessadas quando usamos símbolos ou invocamos seres espirituais diferentes daqueles que estão conectados com a corrente energética de nossa religião.
Tomemos um exemplo simples:
Enquanto eu vejo televisão em minha casa, estou conectado em um determinado canal de TV. Meu vizinho ao lado pode estar conectado a outro. Uma amiga que mora lá em Manaus poderá estar conectada, ainda, em um terceiro canal de televisão distinto. Todos nós estamos vendo coisas diferentes e por isso estamos tendo realidades diferentes ao mesmo tempo, no mesmo plano. Eu não consigo ver o que o meu vizinho está vendo nem ele consegue ver o que eu vejo porque através de nossas televisões estamos acessando frequências diferentes de canais.
Se eu quiser ver o que ele vê, o que devo fazer? Mudar o canal e colocá-lo na mesma freqüência que ele!
Isso significa que eu deixarei de ver as coisas que estavam passando no canal anterior para ter experiências reais através de um novo canal, que opera em uma outra freqüência e sintonia.
Eu sei que todos os canais existem, que várias pessoas estão vendo coisas diferentes em canais diferentes ao mesmo tempo em que eu, vivendo no mesmo planeta. Mas isso significa que eu posso ver e ouvir todos os canais ao mesmo tempo? Obviamente não!
Quando tentamos sintonizar 2 canais ao mesmo tempo a tela fica distorcida, o som chega cruzado e eu não vemos e ouvimos direito nem uma coisa e nem outra!
Poderíamos dizer que tal exemplo é compatível com as correntes energéticas que nos fazem sintonizar com o Sagrado. Cada religião opera em um padrão diferente e distinto e por isso Buda e Krishna não estão para o Islamismo, assim como os Cristo e Anjos não estão para a Wicca.
A Deusa e o Deus da Bruxaria são sexuais, ctônicos e telúricos, o que os torna completamente diferentes da figura do Deus monoteísta e da Virgem Maria assexuados.
Wiccanianos não acreditam no Deus Cristão, em Anjos, Santos, no Céu, Inferno ou seguem a Bíblia. Wiccanianos não acreditam no pecado original ou danação eterna. Um Wiccaniano é qualquer pessoa que não seja Cristão, alguém que cultue a Deusa, os antigos Deuses, celebre a Roda do ano e as lunações e chame ou defina a si mesmo como Bruxa ou Bruxo.
Pessoas que praticam a chamada "Wicca Cristã", ou aqueles que querem encontrar desculpas para incluírem elementos Cristãos no Paganismo são Cristãos mal resolvidos. Tais pessoas são indivíduos com uma forte dificuldade de se desligarem de sua criação e valores Cristãos, querendo criar um novo subgrupo dentro de uma religião que pratica e prega algo completamente oposto ao Cristianismo. Não concordar com a mistura destas duas religiões não é de forma alguma radicalismo ou intolerância ao Cristianismo, mas sim um clamor pela coerência.
Vejamos as diferenças entre a Wicca e o Cristianismo:
1) Para a Wicca a mulher é a fonte sagrada de toda a vida. Para o Cristianismo ela é a fonte de todos os males (vide Eva e o episódio do fruto do pecado original no Jardim do Éden).
2) Para a Wicca a fonte primordial de toda a vida é feminina (por alguns considerada feminina e masculina). Para o Cristianismo ela é predominantemente masculina.
3) A Wicca encara o sexo e a sexualidade como uma dádiva dos Deuses, algo bom, que deve ser vivido e celebrado intensamente, pois é sagrado. Para o Cristianismo o sexo e todas as expressões da sexualidade são pecaminosas, devem ser evitadas e reprimidas.
4) Para a Wicca a Divindade é panteísta e imanente. Para o Cristianismo o sagrado se apresenta de forma transcendente.
5) A Wicca incentiva a responsabilidade nas atitudes humanas. Não há um ser maligno para ser culpado por nossas faltas, a não ser nós mesmos. O Cristianismo coloca sempre tal responsabilidade no Diabo. O ser humano nunca é real responsável por seus próprios atos negativos, é sempre instigado a realizá-los por intermédio das "forças das trevas".
6) A Wicca encara a natureza como sagrada, devendo ser preservada, o homem é parte integrante e filho dela como todos os outros seres. O Cristianismo vê a natureza como algo que foi criado para servir ao homem e por ele ser explorada e subjugada.
7) Para a Wicca tudo que dá prazer e satisfação ao homem é bom. Para o Cristianismo todas as fontes de prazer (sexuais ou não) devem ser evitadas.
8) Para a Wicca todo ser humano nasceu livre de pecados e karmas, estamos aqui para viver intensamente e sermos felizes.
9) Para o Cristianismo o ser humano é fruto do pecado original e já nasceu na posição de pecador. Para a Wicca o ser humano é uma dádiva dos Deuses e nasceu livre, inclusive de qualquer forma de pecado.
10) A Wicca deseja dialogar com outras religiões, pois a intolerância é a base da alienação. O Cristianismo não apenas evita tal diálogo como, inclusive, não tolera em hipótese alguma a mistura de sua espiritualidade com outras.
Algumas pessoas insistem não somente em fazer essa fusão entre as duas religiões, mas até mesmo em afirmar que a Virgem Maria é uma das faces da Deusa.
A questão é, o Sagrado Feminino não se manifesta somente no Paganismo. Cada religião possui o Sagrado Feminino em suas bases de uma forma ou outra. Porém, qual Sagrado Feminino estamos nos referindo quando fazemos tal afirmação? O Pagão ou o Cristão? Um é diferente do outro.
Muitos também insistem que aquelas que usam ervas, rezadeiras e parteiras são Bruxas. Porém, o Cristianismo que sobreviveu com as rezadeiras, no culto ao Feminino dos Goliardos medievais e em outras ordens religiosas de mulheres Cristãs, por exemplo, não pode ser considerado Paganismo. Ele é simplesmente outra das muitas formas do Cristianismo misturado ao folclore e sabedoria popular. Fazendo um paralelo, os monges da Idade Média transcreviam o que tinha sobrevivido das lendas divinas e contos folclóricos dos antigos povos da Europa e nem por isso eram Pagãos.
Pode ser que o Paganismo tenha precisado vestir alguns elementos Cristãos no passado para sobreviver, assim como o Cristianismo precisou se valer de vários elementos do Paganismo na construção de identidade para sobreviver, crescer e angariar novos adeptos. Mas hoje isso não é só mais necessário como deve ser evitado.
Talvez, primar por uma exclusão dos elementos Cristãos no Paganismo e evitar que mais Cristianismo possa ser incluído na Arte seja uma das poucas formas que temos de honrar os Pagãos do passado que se mantiveram fiéis aos Antigos Deuses e que não puderam ter essa postura em seu próprio tempo, em função do preconceito e intolerância de sua época.
Muitas pessoas usam falsas justificativas para continuar atrelados ao simbolismo Cristão, dando desculpas incoerentes por pura falta de coragem em se libertar dos grilhões que nos aprisionam há tempos.
Mesmo que os cultos à Deusa tenham sido praticados nos locais da aparição de santos, mesmo que muitos Deuses tenham se transformado em santos para facilitar o processo de expansão do Cristianismo, como Pagãos, devemos nos voltar às verdadeiras faces destas divindades e invocar os seus verdadeiros nomes. Eliminar todo o ranço Cristão dos santos de hoje que foram Deuses ontem é dever de cada Pagão.
Em vez de cultuar Santa Brígida, por que não chamar pela Deusa celta Brigit? Em invés de invocar São Tirso, vamos invocar Dionísio. No lugar de nos voltarmos à Maria, é hora de reverenciarmos novamente a semítica Deusa Mari em todo seu esplendor e pureza. Por que rezar para Nossa Senhora dos Navegantes se podemos chamar por Ísis Pelagia, a face da Deusa do Nilo que deu origem aos rituais de navegação que foram assimilados posteriormente pelo Catolicismo com a clara intenção de exterminar totalmente o antigo Paganismo e expandir a nova fé?
O dever de todo Pagão é resgatar os nomes e dignidade dos Deuses Antigos e não cultuar os Santos e figuras Cristãs com a desculpa de que eles são a sobrevivência de antigos Deuses. Muitos santos de hoje podem até realmente ser uma sobrevivência de antigas Divindades Pagãs, mas são sua sobrevivência vegetativa, cujos atributos originais foram marginalizados e completamente tolhidos. A única maneira de exercitar o Paganismo com dignidade é retirando os Deuses de sua existência vegetativa na figura das santas e santos católicos e resgatar novamente suas verdadeiras faces divinas, nomes e atributos originais. Os Deuses agradecem esse ato de consciência e a Wicca também!
http://neopaganismo.com.br/pt/ensaios-claudiney-prieto/wicca-crista-nao-existe/
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