Empenho da Palavra

Quando iniciamos nossa caminhada dentro da bruxaria seja como Dedicados, seja como Iniciados, muitas vezes na nossa ânsia de alcançarmos títulos, de vencermos etapas, de alcançarmos o reconhecimento dentro da comunidade pagã, de aprendermos técnicas, feitiços, de termos nossos primeiros Dedicados e Iniciados, muitas vezes não prestamos atenção em nossa própria jornada, em nosso próprio caminho e nas palavras que proferimos ao longo de nosso amadurecimento.

A cada etapa proferimos juramentos, perante nossos Dedicadores, Iniciadores, Elders, irmãos e irmãs de Círculo, Grove, Tradição, pessoas que caminham conosco, que compartilham conosco de sua vida, verdade, sonhos, virtudes e dificuldades, mas não é só a eles que empenhamos nossa palavra. Se prestarmos atenção em cada círculo que traçamos, em cada ser que invocamos, em cada divindade que pedimos bênçãos e proteção, existem muito mais forças que nos assistem e que guardam nossos juramentos do que aqueles que estão presentes fisicamente.

Ao invocarmos os Antigos e Poderosos, os Ancestrais, os Deuses e Deusas, estamos invocando todas as forças ligadas a bruxaria e assemelhados a energia que trabalhamos. Por exemplo, se trabalhamos com bruxaria de raiz Diânica, voltada para o panteão celta, todos os Antigos que se identificam com estas duas energias e com a energia do grupo, estarão presentes. Da mesma forma ao invocarmos a nossa ancestralidade, estamos invocando a nossa ancestralidade direta, que corre em nossas veias, comprometendo toda nossa linhagem anterior a nós e nossa linhagem futura, assim como nossa linhagem mágica, seres, criaturas de todos os planos que nos auxiliam em nossa jornada, tal qual os ancestrais desta Terra que compartilham conosco de sua essência e sabedoria, que compartilham de sua energia e solo sagrado. E além deles os Deuses que cultuamos, honramos e a quem prestamos nossa devoção.

Vendo por este ângulo se juramos guardar segredo a respeito do que ouvimos, dos textos que recebemos, das informações do coven, tradição, círculo, que participamos, se juramos honrar e sermos leais aos que caminham conosco, a quem será que realmente estamos empenhando a nossa palavra? A nosso Dedicador? A nosso Iniciador? Indiretamente sim, pois eles são o portal dos Deuses na Terra, eles que nos fazem trespassar os portais, mas quem de fato irá nos cobrar nossos compromissos, quem irá nos testar com relação a nossa fé, devoção, honr? Não serão eles, pois nossos caminhos podem seguir outros caminhos, uma vez que somos livres para escolher, no entanto a nossa palavra deve ser única.

O empenhar de nossa palavra deve ser sempre honrado, não importa que caminho decidamos trilhar, não importa os erros que possamos cometer ou que cometam conosco, o que juramos perante os Deuses, só cabem a eles julgar e somente Eles poderão cobrar. O juramento prestado diante de nossa ancestralidade é como jurar sobre seu próprio sangue, sobre seu próprio ventre, sobre sua esperança de vidas futuras. Assim como um bruxo sem sabedoria não é mais que um pote vazio, um bruxo sem palavra é um pote quebrado, repleto de ranhuras.

Por isso, nunca faça um juramento sem compreender o que está jurando, sem aceitar verdadeiramente o que esta sendo jurado, nunca permaneça em um caminho se não concordar com ele, se não for sincero em seu propósito, em suas palavras, em sua verdade, é preferível que busque por toda sua vida, do que siga sem acreditar, por ser mais fácil. Nossa palavra, a confiança dos Deuses, dos nossos ancestrais, dos Antigos, nossa fé, é o que temos de mais poderoso, portanto não devemos empenhar nossa verdade em vão, sem ter certeza que é aquilo que fala em nosso coração. A nossa palavra é o que dá poder a tudo que somos e o que fazemos, sem ela não somos nada.

Blessed Be!
Luanin

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